Entrevista a Maria Isabel Castro, autora do livro infantil „O mundo mágico do João“ . A autora nascida na cidade de Viseu formou-se como educadora de infância , estando posteriormente na sua trajetória profissional sempre vinculada ao ensino e à promoção e proteção dos direitos das crianças. Maria Isabel Castro procurou unir desde sempre o seu trabalho com as crianças e o gosto pela leitura. Neste sentido dinamizou a hora do conto: ”Um livro, um conto e um sorriso” no âmbito de uma biblioteca escolar do agrupamento de escolas a que pertence, dirigido a todos os jardins-de infância da sua área de intervenção. A publicação de „O mundo mágico do João“ trata-se assim de uma sequência lógica e vem dar expressão ao afeto desta autora com a literatura infantil.
Em primeiro lugar gostava de conhecer um pouco melhor as origens da autora por detrás de „O mundo mágico do João“.
- Onde nasceu? Onde habita?
Eu nasci em Viseu, em 1962, altura em que as crianças tinham liberdade para brincar também na rua, tendo como amigos as crianças vizinhas. Proveniente de uma família grande, com pais exigentes e rodeada de muitos livros, cresci a partilhar muitas histórias. Atualmente vivo no Montijo, na margem sul do rio Tejo, em Portugal, onde também trabalho, na rede pública de educação pré-escolar.
- O que gosta de fazer nas horas de lazer?
Gosto de ler, escrever, pesquisar sobre educação, fazer formação e passear, em especial pelo estrangeiro... Quando não é possível, aproveito o que o meio me faculta. Também gosto de filmes policiais...
Ah! Aos doze anos recebi um prémio em dinheiro por um trabalho que fiz na escola. Uma composição sobre os pensamentos de uma mãe cujos filhos partiram para estudar fora.
- Qual é o livro infantil que mais adorava quando era criança? Ainda se recorda do que a fascinava nesse livro?
Quando era criança tive a oportunidade de ter acesso a alguns livros infantis mas o que mais me marcou foi uma compliação dos contos de Grimm que a minha irmã mais nova contava para mim enquanto eu desenhava. Esta era uma espécie de combinação que nós tínhamos para não disputar o livro e ceder aos caprichos da mana mais pequena. Depois de o ler a 1ª vez, a minha imaginação partiu logo para outros planos....e não parou! Parece que ainda vejo o livro, grosso como um dicionário, de capas vermelhas e umas ilustrações muito
rebuscadas.... Nesse livro tudo me fascinava, desde o dia em que nos foi oferecido até à textura da capa, o cheiro das folhas e a magia das palavras. Anos mais tarde, já adultas, ambas queríamos recuperar o livro mas, tristemente, tinha desaparecido com o tempo.
- A sua profissão como educadora de infância consistiu numa motivação para escrever livros infantis?
Sim, de certa forma. Inicialmente, na juventude, escrevia, para mim, sobre vivências pessoais, quase sempre em retrospetiva. Também houve poesia mas funcionava mais como um diário. Só quando me tornei educadora, aos vinte anos, é que comecei a projetar a escrita para as crianças.
- Quando iniciou a sua atividade profissional como autora? Quais foram as suas inspirações e influências?
O „Mundo Mágico do João“ teve muitos irmãozinhos não publicados que foram surgindo como uma forma de vincular as crianças à hora do conto, quando a literatura infantil ainda estava quase exclusivamente ligada aos contos tradicionais. A escrita também esteve aliada à necessidade de comunicar com as crianças, em especial as mais reservadas.
A inspiração foram os momentos vividos com as crianças, em contextos por vezes muito específicos e, claro, a criança dentro de mim!
Apesar de não ser uma influência, mas mais um modelo de autora, aprecio especialmente a pessoa/autora Luísa Lucla Soares pela forma carinhosa, simples e determinada com que se apresenta a si e a sua escrita.
- A sua profissão como educadora de infância consistiu numa motivação para escrever livros infantis?
Sim, de certa forma. Inicialmente, na juventude, escrevia, para mim, sobre vivências pessoais, quase sempre em retrospetiva. Também houve poesia mas funcionava mais como um diário. Só quando me tornei educadora, aos vinte anos, é que comecei a projetar a escrita para as crianças.
- Quando iniciou a sua atividade profissional como autora? Quais foram as suas inspirações e influências?
O „Mundo Mágico do João“ teve muitos irmãozinhos não publicados que foram surgindo como uma forma de vincular as crianças à hora do conto, quando a literatura infantil ainda estava quase exclusivamente ligada aos contos tradicionais. A escrita também esteve aliada à necessidade de comunicar com as crianças, em especial as mais reservadas.
A inspiração foram os momentos vividos com as crianças, em contextos por vezes muito específicos e, claro, a criança dentro de mim! Apesar de não ser uma influência, mas mais um modelo de autora, aprecio especialmente a pessoa/autora Luísa Lucla Soares pela forma carinhosa, simples e determinada com que se apresenta a si e a sua escrita.
- Foi fácil o processo de desenvolver a história, criar um título, personagens e finalmente transpôr essas ideias para o papel?
Sim! Neste caso em concreto, sim, porque sabia exatamente o que queria transmitir. O difícil foi encontrar um ilustrador que entrasse na minha mente e conseguisse contar a história com uma boa linguagem expressiva. O livro publicado não faz uso das 1ªs ilustrações. Estas não me satisfaziam. As ilustrações que vinculam à publicação surgiram também há alguns anos, a partir de um pedido muito específico feito à Daniela Vasco. Dada a relação de proximidade – a Daniela é minha filha - os meus requisitos foram tomados em extrema consideração e o produto final é o que está à vista. Uma linguagem à qual nenhuma criança fica indiferente!
- Recebeu algum tipo de apoios para a publicação da obra? E quais?
Não. A obra foi aceite pela Chiado Editora nos termos contratuais habituais.
- Como estão a ser as reações ao „O mundo mágico do João“?
Fabulosas! Quer pelo público infantil, quer pelo público adulto: pais, avós, educadores de infância e até professores do 1º ciclo que têm trabalhado a obra em sala de aula.
Tenho sido muito requisitada por Bibliotecas Municipais mas não consigo dar a resposta que queria devido à minha vida profissional como educadora. No entanto, sei que há Bibliotecas/Câmaras Municipais que têm adquirido a obra para difundir junto das bibliotecas escolares.
Também sou muito solicitada por agrupamentos de escolas mas tenho recusado a maioria das propostas quando estas não encaixam fora do meu horário letivo. Este ano o meu Agrupamento/biblioteca escolar arranjou um formato para chegar a bastantes crianças.
Já fiz inúmeras sessões de „hora do conto“ em jardins de infância e livrarias mas o tempo não dá para mais!
- Durante as várias apresentações do livro já escutou algum comentário engraçado de um leitor?
Sim! Muitos! Tantos que não consigo registar todos, mas recordo especialmente estes:
„Uauuuu.....“
„Estou a gostar muito deste dia!“
„Eu não gostei da história...eu adorei!!“
„ Eu gostava de ter um cavalo e ver a minha casa lá de cima!“
Por último, a abordagem de um menino de cerca de 12 anos que, no fim da sessão no ATL, rodeado por outros me diz: „Eu tenho muitos medos. Se eu pensar em coisas boas eu consigo mesmo que eles vão embora?“ E a „sessão“ continuou para estes meninos que tinham vários medos e que precisavam de conversar com alguém!
- Atualmente tem novos projetos planeados? Pode adiantar-me alguma coisa?
Sim! Se tivesse tempo não parava. Estou super entusiasmada! O João já espreita com uma nova história e, paralelamente, está para ilustrar uma compilação de poesias, cantilenas e legalengas. O facto de ser autora faz de mim uma cliente mais assídua e demorada das livrarias, em especial na secção infantil. Há obras que são uma delícia!
Muito obrigada pelo carinho da Olá Livro e pelo facto de levar até às crianças bilingues na Alemanha obras de autores portugueses.
(Maria Isabel Castro - Novembro de 2016)
Kommentar schreiben